O ingresso cada vez maior de mulheres no mercado da construção civil está sendo impulsionado pela falta de mão de obra masculina e pela demanda crescente da indústria. São mestres de obras, pedreiras, técnicas em segurança do trabalho e eletricistas. Elas se misturam aos homens com naturalidade e em condições de realizar as tarefas com tanta competência quanto os trabalhadores.
Existem diferentes levantamentos sobre o tema, mas o crescimento da força de trabalho feminina no setor é evidente em todos eles. De acordo com dados do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), o número de mulheres que exercem atividades na construção civil aumentou 65% na última década.
Em 2010, foram contabilizadas mais de 200 mil trabalhadoras com carteira assinada no país, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Isso equivale a 8% do total de profissionais que trabalham na construção civil. O assunto está sendo discutido até no Senado Federal, pelo Projeto de Lei do Senado (PLS) 323/2012, que visa estimular a contratação de mulheres na construção civil.
Ao justificar o projeto a senadora Ângela Portela (PT-RR), citou que as estatísticas em que as mulheres aparecem como 13,68% da mão de obra na construção civil e também ressaltou que, no mercado de trabalho em geral, as mulheres responderiam por mais de 40% dos empregos formais.
Em Teresina, o número de mulheres que buscam esse mercado de trabalho também está aumentando significativamente. Para o diretor de um instituto da construção na capital, Antônio Guimarães Júnior, as mulheres estão procurando cada vez mais cursos como: mestre de obras, pedreiro, eletricista e decoração.
“Temos até construtoras que nos procuram para profissionalizar suas operarias, já que são preferidas na hora de tarefas que exigem mais detalhes e capricho, como no acaso dos acabamentos, pintura, entre outras atividades. Elas começaram em rejunte, limpeza, mas já estão em outras áreas de forma tímida, mas com qualidade superior de alguns homens”, explicou Guimarães Júnior.
Neide Soares é uma das alunas do instituto e afirma que buscou o curso como uma forma de libertação. “Enquanto empregos tradicionalmente femininos como: cabeleireira, manicure ou garçonete pagam um pouco mais de um salário mínimo por mês, a atividade de pedreira, eletricista ou encanadora rende até 3.800 reais mensais”, enfatizou Neide.
Segundo Neide, a mera força física deixou de ser o critério decisivo e a longa luta de todas as brasileiras por mais igualdade entre os gêneros reflete-se agora entre as paredes sem reboco de uma obra.
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